Respeito ao corpo infantil: a relativização da palmada
Informativo
18 de Dezembro de 2020
Comumente não vemos a palmada como violência física, mas ela é. As punições físicas trazem danos permanentes para o funcionamento cerebral da criança. Ao contrário do que se pensa, não extinguimos um comportamento através da punição.
A neurociência nos mostra que uma simples palmada é sentida como uma experiência traumática para o cérebro, provocando uma resposta de estresse e reações de luta e fuga, o que faz com que os níveis de cortisol, hormônio do estresse, aumentar. Como efeito, existe uma redução de massa cinzenta e tecido conjuntivo entre as células cerebrais. Tal prejuízo afeta a inteligência, as habilidades de aprendizado, emoções e memória.
Além disso, aspectos psicológicos e comportamentais da criança são comprometidos. Habitualmente, crianças que sofrem violência física, reproduzem comportamentos de esquiva e apresentam traços de depressão, tendem a não confiar nos pais, mentir e têm dificuldade de expressar o que pensam ou sentem. Ou seja, a longo prazo, punição física nada tem a ver com educação, e sim com medo.
Pense que ensinamos as crianças a serem cooperativas, e não obedientes. Quando cooperamos, desenvolvemos atos para o bem de todos. Assim, aprendemos a sermos humanos empáticos.
Portanto, troque a palmada por mais conexões com o seu filho, através de brincadeiras e acolhimento de suas emoções. Se ficar muito difícil, imagine porque está difícil controlar suas emoções frente a um comportamento desafiador do seu filho. Normalmente, quando perdemos o controle, estamos brigando muito mais com nós mesmos do que com a criança.
Quando batemos em uma criança, não estamos ensinando-a a não gostar da gente, e sim a não gostar dela mesma.
Texto: Psicóloga Gabriela Kanaan
Crp 07/20801