Meu bebê é um prematuro. E agora?
Informativo
27 de Novembro de 2020
Meu bebê é um prematuro. E agora?
Nascer antes do tempo é algo que dificilmente passa na cabeça de quem está aguardando um bebê.
Quem já passou por isso tem esse tipo de pensamento e um frio na barriga ao estar gestando outra criança. Isso porque é fato que a mulher que tem um filho prematuro tem o risco de repetir a situação em outras gestações.
A prematuridade é uma preocupação mundial e de cada dez partos um será antes do tempo de gestação considerada ideal = antes de 37 semanas.
Estima-se que em torno de 15 milhões de crianças cheguem ao mundo nesta condição, anualmente. Número bem expressivo de crianças vulneráveis e que necessitam cuidados especiais.
Apesar de ser o foco de curiosidade da maioria das pessoas o “quanto pesou o nenê” não é isso que importa. A grande preocupação é a maturidade de todos os órgãos. Respirar, alimentar-se, crescer e se desenvolver fora do útero será exigido antes de estarem prontos pra isso.
As preocupações serão de acordo com a idade gestacional. Para facilitar a Organização Mundial de Saúde estabelece denominações:
- Prematuro extremo aquele que nasce com menos de 28 semanas.
- Muito prematuro – entre 28 semas e 31 semanas e 1 dia
- Pré-termo tardio entre 32 e 36semas e 6 dias.
Outras entidades conceituam de forma um pouco diferente mas vamos aqui usar estes conceitos.
Os prematuros extremos e os muito prematuros ao nascer necessitam de cuidados intensivos e especializados. Podem passar longos períodos internados, meses e ir pra casa com oxigênio em um cano no nariz.
São dias intensos. Muitas vezes assustadores, difíceis, desoladores e traumáticos.
Dias transformadores.
Um mundo que só quem vive entende o quanto se comemora pequenas vitórias e como o dia que você pega no colo, pela primeira vez, aquele pequeno ser será inesquecível e com olhos molhados.
O pré-termo tardio nem sempre precisa de uma UTI mas não é por isso que não nos dará motivos de preocupações. Farão icterícia (amarelão) de maior intensidade, muitas vezes precisando tratamento com luz (fototerapia), poderão perder peso nos primeiros 14 dias de vida necessitando monitoramento frequente. Apresentam risco de baixos níveis de açúcar no sangue, o que pode causar sequelas cerebrais.
E sempre a grande preocupação, em qualquer idade gestacional, será o desenvolvimento do cérebro. Mesmo os que nascem pertinho do termo (35-37 semanas) ainda não tem uma boa camada de mielina no neurônio, que é uma substância que forma uma capa na célula nervosa e permite a condução da informação até o cérebro. Seria como pensar em fios elétricos de melhor qualidade, que conduzem melhor e mais rápido a eletricidade. Assim essas crianças, na idade escolar, podem ter dificuldades para aprender, serem hiperativos ou desatentos.
Ao sair do hospital, qualquer prematuro precisará acompanhamento pediátrico frequente. Alguns de outros profissionais como neurologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista, geneticista ...
O mês de novembro é usado para chamar a atenção para esta questão.
Pela preocupação de evitar que os apressadinhos cheguem.
Para lembrar que é importantíssimo fazer o acompanhamento pré-natal para identificar precocemente doenças, entender as transformações que acontecem no corpo da mãe, seus limites e possibilidades.
Os maiores riscos de prematuridade são gestações de mais de um bebê, diabete, hipertensão, sífilis e os intervalo interpartal curto, ou seja, menor de dois anos entre o nascimento de uma criança e a data da concepção da próxima.
Cada semana a mais dentro da barriga valem muito.
Permitir que o parto ocorra de forma espontânea, sem marcar datas para opções cirúrgicas, é garantia de saúde para a mãe e bebe.
Nascimento antecipado é cuidado redobrado!
Texto da Dra Maria Amália Saavedra
Pediatra Neonatologista