Meu filho tem problemas na fala e na linguagem. Fique atento do 0 aos 6 anos!
Informativo
13 de Novembro de 2020
Olá, eu me chamo Monica Valadão, sou fonoaudióloga formada pela ULBRA há 14 anos, sou Especializanda em Reabilitação em Neuropediatria (Faculdade Santa Rita) e também Especializanda em Intervenções Precoces no Autismo (CBI of Miami). Uma das dúvidas mais frequentes no consultório e até mesmo entre os amigos é: “até que idade é normal meu filho falar errado?” E para essa dúvida eu respondo: “depende!” Primeiramente é preciso analisar a idade em que a criança está e o que é esperado para a sua faixa etária. Existe uma tabela (tabela 1) que correlaciona a idade da criança com o que é esperado, podendo dessa forma analisar o que está fora do padrão normal.
Tabela 1
Prates et al. (5)
Uma das avaliações sobre a comunicação de uma criança é a identificação do que não vai bem, se as falhas estão nos componentes de linguagem, na fala, ou em ambos. E por fim, é preciso identificar o quanto essa comunicação está sendo eficiente e o quanto pode ser melhorada.
Na avaliação de linguagem analisamos a fonologia, que é os sons da língua, a prosódia que é o uso da entonação, a sintaxe que é a organização das palavras na frase, a morfologia que indica a formação e classificação das palavras, a semântica que nos mostra o vocabulário adquirido e pragmática que é o uso em si da linguagem. Enquanto que na avaliação da fala é analisado como é executado a ação motora, a articulação dos sons.
Sabe-se que crianças com atraso na aquisição dos sons da fala (quando tem idade para adquirir a pronúncia de determinado som mas não o faz ainda) ou que apresentam trocas fonológicas (quando substituem o som de uma letra que não conseguem pronunciar por um som mais fácil de ser pronunciado), acabam por vezes tendo problemas em situações sociais por serem mal compreendidas. Algumas sofrem situações constrangedoras na escola, enquanto outras passam por situações constrangedoras e de cobrança em seu meio familiar. Estudos alertam que os distúrbios da comunicação causam um impacto direto sobre a vida social da criança e sobre o seu sucesso acadêmico (1,2) sendo reconhecidos como importantes questões de saúde pública. (3) Em outras pesquisas é possível verificar que crianças com atraso no desenvolvimento da linguagem irão apresentar em idade escolar importantes alterações neuropsicológicas, entre elas os transtornos específicos de aprendizagem.(4) Por essas razões, atualmente o mais indicado é o tratamento precoces, aquele que acontece logo que é identificado uma alteração, obtendo assim resultados melhores, devido à plasticidade neuronal.
Portanto, se você tem dúvida se deve esperar para procurar ajuda, minha indicação é de procurar por uma avaliação profissional logo após desconfiar ou perceber qualquer alteração. Nesse processo é fundamental também a participação dos profissionais que acompanham o desenvolvimento infantil, como pediatras, educadores, psicólogos, odontopediatras, terapeutas ocupacionais, entre outros. Na maioria das vezes os professores e os pediatras são os primeiros profissionais solicitados a orientar no que é preciso fazer em casos de dificuldades de fala e linguagem, mas é preciso estar atento que para uma avaliação e intervenção adequados da COMUNICAÇÃO é necessário o atendimento direto com o fonoaudiólogo. Coloco-me à disposição para eventuais dúvidas sobre o tema, deixando meu e-mail para contato: [email protected]
Referências:
1. McKinnon DH, McLeod S, Reilly S. The prevalence of stuttering, voice, and speech-sound disorders in primary school students in Australia. Lang Speech Hear Serv Sch. 2007;38:5-15.
2. Andrade CRF. Prevalência das desordens idiopáticas da fala e da linguagem em crianças de um a onze anos de idade. Rev Saude Pública. 1997;31(5):495-501.
3. Somefun OA, Lesi FEA, Danfulani MA, Olusanya BO. Communication disorders in Nigerian children. Int J Pedia…